Somente no Livro dos Provérbios
encontramos quarenta e seis citações
sobre o homem insensato e, todas elas, para deixar explícitas as
características nefastas do homem com falta de senso, do homem sem sabedoria.
Mas o que nos causa espécie é
que o mesmo autor de Provérbios, o sábio Salomão, vai dizer que não é para o
insensato que há uma menor esperança de dias melhores, mas, sim, para o homem
que é sábio aos próprios olhos, veja:
“Tens visto a um homem
que é sábio a seus próprios olhos? Maior
esperança há no
insensato do que nele.” Prov.
26:12
O
homem sábio aos próprios olhos não cresce, não se aperfeiçoa, não amadurece,
não vence obstáculos pessoais, pois, como diz o versículo, ele é sábio aos
próprios olhos, jamais ele achará
que sabe menos, e jamais ele achará que alguém sabe mais. Faz-se necessário
dizer, então, que o sábio aos próprios olhos é conhecido pelos outros, mas não
é conhecido por ele mesmo, pois o seu conhecimento é falso.
Depreende-se
que o sábio aos próprios olhos, então, não é sábio. Na verdade ele é tolo e, como
diz Salomão, está numa categoria inferior à categoria do insensato, pois “...maior esperança há para o falto de
censo, do que para ele.”
Mas
quando falamos do homem sábio aos próprios olhos e na falta de esperança que há
para ele, jamais deveríamos incorrer no erro de pensarmos no irmão que está do
nosso lado, no vizinho “sem-noção” que nos perturba, no colega de trabalho
inconveniente, no amigo folgado que não se enxerga. Quando falamos do homem
sábio aos próprios olhos precisamos nos voltar para nós mesmos, porque poderemos
sim ser esse homem pior que o insensato. Poderemos sim ser esse “sem-noção”,
e o seremos na medida em que nos permitimos andar sem conselho, sem instrução,
sem considerarmos o contraditório, sem considerarmos que as vias que andamos
são vias de mãos duplas
Nós seremos esse “sem-noção”, sábio aos
próprios olhos, na medida em que nos permitimos que o nosso ego prevaleça em
detrimento daquilo é superior ou verdadeiro, na medida em que nos permitimos
uma vida ensimesmada, uma vida em defesa de direitos que não temos, ou, no
mínimo, que não deveríamos reivindicá-los.
Mas
Salomão não disse que não há esperança para o sábio aos próprios olhos. Ele
disse, sim, que há mais esperança para o insensato do que para ele. Então, não
obstante a esse grau de dificuldade, há sim esperança para o sábio aos próprios
olhos. Basta que, à semelhança do apóstolo Paulo, ele aplique o seguinte
princípio à sua vida:
“Porque decidi nada
saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.”
1 Coríntios
2:2
Que
a nossa sabedoria seja tão somente aquilo que sabemos de Cristo, e que isso nos
traga regozijo e seja o bastante. Amém.
Pr. Élio Morais