QUIETUDE
Aquietar-se jamais foi uma tarefa
fácil para o homem, e nunca será. É-nos inerente o desejo de agir, de fazer, de
dar seguimento àquilo que julgamos precisa ser feito. Faz parte do nosso
caráter o desejo de tomar a iniciativa e fazer. Aliás, o fazer e o ser estão em
constante conflito dentro de nós. Quando o apóstolo Pedro diz que o Senhor
Jesus “quando ultrajado, não revidava com
ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente.” (I Pe. 2.
23), eu fico pensando na nobreza e na grandeza dessa atitude do Senhor Jesus de
ficar quieto.
Há diversas maneiras de se
aquietar. Há a quietude da complacência, aquele ficar quieto na intenção de ver
se as coisas melhoram; aquela quietude do “deixa
do jeito que está para ver como é que fica”; um ficar quieto que passa pela
morosidade e letargia de alguém que simplesmente vê a vida passar diante dos
seus olhos e não quer assumir o papel que lhe cabe na história do mundo - essa
é uma quietude absolutamente questionável!
Há a quietude covarde, a quietude
guiada pelo medo; aquele ficar quieto de quem deve alguma coisa, de quem teme
por algo, de quem não quer ser descoberto - uma quietude necessária àqueles que
praticam o mal!
Mas a há a quietude de quem sabe exatamente
por que está quieto, e essa foi a quietude do Senhor Jesus. Jamais é a quietude
da morosidade e da letargia! Jamais a quietude medrosa e covarde! É a quietude
de quem reconhece que há Alguém que pode agir melhor! É a atitude de alguém que
não dá o troco, mas espera nAquele que saberá fazê-lo de uma forma melhor e
mais justa. É a quietude que produz o livramento que traz glória para Deus!
Isso
me faz lembrar outra imagem bíblica. Moisés, sucessivas vezes comunica novas
intervenções de Deus na vida dos egípcios, a fim de libertarem o povo judeu da
escravidão. A intervenção mais forte de Deus comunicada por Moisés a Faraó foi
a morte dos primogênitos. Não adiantou! Faraó, obstinadamente, seguiu firme no
desejo de impedir Moisés de prosseguir! Então, numa ação última e solitária de
Deus, Ele dá uma ordem não mais para Faraó, mas para Moisés e os israelitas:
“Aquietai-vos e vede o
livramento do SENHOR que, hoje, vos fará; porque os egípcios,
que hoje vedes, nunca
mais os tornareis a ver. O SENHOR pelejará
por vós, e vós vos
calareis.” Exo. 14. 13-14
Quando
nos aquietamos para Deus agir jamais seremos confundidos com os complacentes, nem
com os morosos, nem com os letárgicos, muito menos com os procrastinadores! Quando
nos aquietamos para Deus agir jamais seremos confundidos com os covardes, nem
com os medrosos, muito menos com os que vivem nas trevas! Quando nos aquietamos
para Deus agir seremos, sim, confundidos com os que vivem pela fé, com os que
confiam no Senhor, com os submissos como Jesus, e com os mansos como Moisés.
Oh,
que maravilha, quando Deus nos pede a quietude que produz o livramento que traz
glória para Ele! Aquietemo-nos!
Pr.
Élio Morais